Photobucket
Photobucket

sábado, 4 de julho de 2009

Jubileu de Ouro de Vida Consagrada

A Revda. Madre Presidente da Federação Imaculada Conceição celebra seu Jubileu de Ouro na Ordem da Imaculada Conceição. A ela desejamos bençãos e graças escolhidas de nosso amoroso Deus entregues pelas mãos carinhosas da Virgem Imaculada. Nossa Santa Mãe Beatriz, nossa fundadora, a acompanhe em sua caminhada toda dedicada ao serviço do Evangelho na vivência profunda do mistério da Imaculada Conceição no seguimento de Jesus.

Parabéns!

domingo, 22 de março de 2009

Boletim da Federação Imaculada Conceição

Este boletim é editado mensalmente. Confira - http://www.concepcionistas.org.br/boletim.htm

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

«Lembra-te que és pó...»

Por Mario J. Paredes, presidente da Associação Católica de Líderes Latinos(CALL) dos Estados Unidos, membro do comitê presidencial de enlace da Sociedade Bíblica dos Estados Unidos com a Igreja Católica, que representou esta instituição no Sínodo dos Bispos sobre a Palavra, realizado em outubro de 2008 no Vaticano.

A cada ano, com a chamada «Quarta-Feira de Cinzas», os católicos iniciam o tempo da Quaresma, tempo no qual a liturgia da Igreja Católica nos convida a uma reflexão e atuação sobre nossas vidas, sobre seu sentido, sua origem, sua missão, seu destino último.
Trata-se, portanto, de um tempo «forte» para a metanoia ou «conversão» que – em teologia e vida cristã – significa uma adequação de nosso ser, existir e atuar à própria vida de Jesus Cristo, a seu evangelho, a seus valores, a suas convicções, à sua proposta de vida: gastar a vida ao serviço do evangelho, ou seja, a favor dos outros, especialmente dos mais necessitados, para obter a vida eterna, a vida feliz, a vida plena.
Por isso, a Quaresma é um caminho bíblico, pastoral, litúrgico e existencial, para cada crente pessoalmente e para a comunidade cristã em geral, que começa com as cinzas e conclui com a noite da luz, a noite do fogo e da luz: a noite santa da Páscoa de Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A Quaresma simboliza, assinala e recorda um «passo», uma páscoa, um itinerário a seguir de maneira permanente: a passagem do nada à existência, das trevas à luz, da morte à vida, do insignificante à vida abundante em Deus, por meio de seu Filho Jesus Cristo. E é que converter-nos significa destruir, deixar para trás, queimar, tornar cinzas o «homem velho», o homem-sem-Cristo, para revestir-nos do homem «novo», o homem-no-espírito, que é fogo novo no mundo.
Na quarta-feira de Cinzas, enquanto o ministro impõe as cinzas ao penitente, diz estas duas expressões alternativamente: «Convertei-vos e crede no Evangelho» e/ou «Lembra-te que és pó e ao pó hás de voltar». Sinal e palavras que expressam muito adequadamente nossa «criaturalidade», nossa absoluta dependência de Deus, nosso peregrinar rumo a uma pátria definitiva, nossa caducidade.
Quarta-Feira de Cinzas em particular e Quaresma em geral são um tempo litúrgico e um convite a voltar nosso olhar e vida a Deus e aos princípios do Evangelho. Assim, se Quaresma é tempo para a conversão, para melhorar no processo de humanização pessoal e comunitário, então a Quaresma coincide com a própria vida de todo crente, com o ser e missão de toda a Igreja e com a vocação da comunidade humana inteira.
Quaresma é um convite a mudar aquilo que temos de mudar na busca de ser melhores e mais felizes, um convite a construir em vez de destruir e a olhar e voltar para formas de vida mais justas, mais solidárias, mais humanas. Quaresma é um convite a buscar diligentemente novas formas de ser e fazer Igreja, sendo melhores e mais autênticos discípulos do Crucificado Ressuscitado.
O tempo litúrgico da Quaresma – como nossa própria existência – é percorrido com o olhar dirigido à Páscoa da Ressurreição e à Páscoa definitiva em Deus. Páscoa de vida abundante que se opõe a toda forma de discriminação e de envelhecimento do ser humano, de sua dignidade, a toda forma de atropelo e violência, a toda forma de mentira, maldade e morte, a toda forma de corrupção e divisão, a toda forma de marginalização e opressão. Porque a Páscoa, como ponto de chegada, cume e superação da Quaresma, é absoluta novidade de vida, da vida abundante que Deus nos oferece e à qual Deus nos convida neste tempo e em todo momento.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Encontro Formativo da OIC

A Federação Imaculada Conceição está promovendo um encontro para as Monjas Concepcionistas no Mosteiro da Imaculada Conceição da Divina Providência e São José na cidade de Uberaba/MG, Santuário da Medalha Milagrosa. O encontro acontece em três etapas consecutivas, sempre no mês de janeiro de cada ano. Em 2008 a primeira turma que começou em janeiro de 2006, concluiu com chave de ouro as três etapas. No dia 07/01/2009 uma nova turma iniciou sua caminhada. Marcam presença dez Mosteiros dentre os dezenove existentes no Brasil. O Encerramento está previsto para o dia 31 de janeiro.


Mística do Ofício Popular de Nossa Senhora


Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição
Escola de Espiritualidade – Julho de 2003

I. INTRODUÇÃO

Nossa Senhora disse no seu canto Magnificat que todas as gerações haveriam de proclamá-la bem aventurada (Lc 1, 48). No nosso tempo, como nos séculos passados, os cristãos não cessam de celebrar as grandezas de Maria. E para anunciar “os grandes louvores da virgem Mãe de Deus” o povo gosta de cantar o Ofício da Imaculada Conceição, uma oração conhecida e apreciada pelo Brasil inteiro.

Podemos dizer que o ofício de Nossa Senhora é uma oração apologética, porque escrita, certamente, para defender a Imaculada Conceição. Ele foi escrito no século XV, muito antes da proclamação do Dogma. Não se sabe ao certo quem foi o seu autor. Alguns admitem que é de origem franciscana uma vez que os franciscanos sempre foram grandes defensores da Imaculada Conceição de Maria. Foi aprovado pelo Papa Inocêncio XI e confirmado pelo Papa Pio IX em 1876.

Santo Afonso Rodrigues contribuiu grandemente para a difusão do Ofício. Conta-se que ele o recitava diariamente sem deixar nenhum dia sequer. O Ofício compõe-se de sete hinos breves mas de uma teologia profunda e é muito rico em simbologia. Nele, mais do que nos monumentos de granito ou nas estátuas de mármore, resplandecem as prerrogativas e glórias de Maria.

Está dividido em Matinas, Prima, Terça, Sexta, Nôa, Vésperas e Completas tal como o Oficio Divino (Liturgia das Horas).

MATINAS - nas vigílias de Natal, antigamente, dominava o pensamento cristão da Parusia, isto é, o anseio da segunda vinda do Senhor. A noite era símbolo da vida terrena e a luz da manhã, uma figura de Cristo que voltará de novo e que, na Eucaristia já vai preparando entre nós a sua segunda vinda. Santo Hipólito a descrevia desse modo: “Nessa hora, toda criatura descansa e louva a Deus. As estrelas, as flores e as águas como que rezam em silêncio; os coros dos anjos entoam os louvores de Deus, no que são seguidos pelas almas dos justos. Eis porque todos os cristãos rezam nessa hora, de acordo com aquela palavra de Jesus: “À meia noite levantou-se um clamor: eis que vem o Esposo, ide ao seu encontro”. E em outra passagem: “Vigiai, portanto, porque não sabeis nem o dia nem a hora em que há de vir o Filho do Homem”.

LAUDES - é o nascer e o ressuscitar do sol. Laudes é a prece da aurora. Uma tríplice ressurreição festejamos nesta hora: a ressurreição de Cristo, a ressurreição da Natureza e a ressurreição espiritual do homem, sendo este último o pensamento dominante da hora. Esses três motivos constituem a razão de ser de Laudes cujo ponto culminante é o Cântico de Zacarias, o Benedictus, em que saudamos Cristo “Sol nascente que vem do alto”.

TÉRCIA - às nove horas da manhã, lembramo-nos da flagelação, da coroação de espinhos e da condenação à morte de Jesus. Honramos também a descida do Espírito Santo, ocorrida, segundo a Tradição, nesta mesma hora.

SEXTA - ao meio-dia, dedicamos à crucificação de Jesus e às palavras pronunciadas por ele na Cruz dando-nos Maria por Mãe.

NÔA - às três horas da tarde consideramos Jesus morrendo na cruz e a Igreja nascendo do lado aberto de Jesus. Lembramos aqui também a passagem dos Atos dos Apóstolos que diz que Pedro e João subiram ao Templo para rezar à Hora Nona (At 3,1), hora do sacrifício vespertino.

VÉSPERAS - Vesper é o nome latino que significa estrela da tarde. Desde a antiguidade recitavam-se as Vésperas, à hora em que aquela estrela surgia, no início da noite. Hora do sacrifício da tarde, quando se queimava incenso em honra de Javé. Esta hora recorda também o Sacrifício que Jesus ofereceu ao Pai na “tarde do mundo”, isto é, nas vésperas do grande dia da Ressurreição. Foi nesta hora que o Senhor foi descido da cruz, como Sol Posto que desce do céu. Foi ainda nesta hora que o Senhor comeu com seus discípulos o Cordeiro Pascal da Antiga Lei, para logo em seguida instituir a Eucaristia, como Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e também nos deu o Mandamento Novo de nos amarmos uns aos outros como ele nos amou. Nesta hora, ao cair da tarde, Jesus reparte o pão com os discípulos de Emaús e era precisamente nesta hora que Ele costumava se retirar para rezar. Além de todos esses significados, o coração dos fiéis agradecidos sempre sente necessidade de louvar a Deus quando o dia declina. São Cipriano e São Jerônimo recomendavam, solícitos, a Oração da Tarde.

COMPLETAS - como o próprio nome indica, Completa é última oração que conclui todo o dia.

II. ENTENDENDO A SIMBOLOGIA

2.1. M a t i n a s

A idéia central deste hino é a da predestinação de Maria, Maria eleita por Deus, escolhida para soberana do mundo, rainha do céu, Virgem das Virgens. A Virgem é a Estrela da manhã com a missão de anunciar o dia da nossa redenção. Possui a plenitude da graça, sendo a luz divina destinada a luminar todo homem que vem a este mundo. Isso tudo porque ela foi destinada à divina missão de Mãe de Cristo.

Agora lábios meus - O Ofício começa com a palavra Agora. Não é um simples advérbio de tempo, indicando o começo da ação, mas é uma palavra conclusiva, que comemora os favores recebidos, enriquecida de gratidão e de carinho para com a Mãe de Deus, que é também nossa Mãe. O agora deste Ofício é muito parecido com o entusiasmo do velho Simeão quando recebeu nos braços o Salvador “Agora, Senhor, podes deixar-me partir em paz...”

Sede em meu favor... - imploramos a intercessão de Maria contra os inimigos sejam eles materiais (físicos) ou espirituais. A conclusão glorificando o Pai, o Filho e o Espírito Santo mostra a íntima ligação do Mistério de Maria com o Mistério da Santíssima Trindade, sobretudo na pessoa do Filho. O Mistério de Maria é essencialmente Cristológico. Maria vive em íntima união com a Santíssima Trindade. Assim disse o Concílio Vaticano II: “Maria é dotada com a missão sublime e a dignidade de se ser Mãe de Deus, e por isso, filha predileta do Pai e sacrário do Espírito Santo” (LG 53). A virgem Imaculada vive imersa no mistério da Trindade, louvando a glória de Deus e intercedendo pela humanidade (Puebla, 293)

Senhora do mundo - proclamam-no todas as línguas Domina Nostra, Madonna Mia, Notre Dame, Nuestra Señora, Nossa Senhora... É uma vassalagem universal. Lemos no livro do Êxodo (Cf. Ex 15, 20-21) que Maria, irmã de Moisés, foi guiando as mulheres. Esta Maria era figura da Santíssima Virgem que também se chamou Maria, mestra e senhora que nos guia para o outro lado, para o céu. O fato de ser Mãe de Deus é que confere a Maria os direitos de domínio do mundo.

Estrela da manhã - os antigos acreditavam que cada homem nascia sob a proteção de uma estrela. Maria é esta estrela. Estrela da manhã porque foi ela quem precedeu, na mente do Altíssimo, ao dia da Criação. Foi ela quem precedeu ao dia da Redenção. Desde que se levantou radiosa, sempre seu brilho venceu o das demais e nunca teve o ocaso sombrio do pecado. Feliz aquele que se deixa guiar por esta Estrela. Mais recentemente o Papa a declarou Estrela da Nova Evangelização.

Cheia de graça divina - Ave cheia de graça, o Senhor é contigo (Lc 1,28). Do princípio ao fim a vida de Maria é graça, é experiência da misericórdia e da bondade de Deus. Maria possui a plenitude da graça; daí sua valiosa intercessão junto a Deus para alcançar as graças que necessitamos. A graça divina fez de Maria jardim ornado de todas as virtudes.

Formosa e Louçã - pela graça divina, é realmente a Virgem Maria “formosa e louçã”. Diz um autor: “Como não sereis toda engraçada em vós, e para nós toda graciosa, se sois a Mãe da Divina Graça? Ó Santíssima, ó Suavíssima, ó toda formosa e engraçada Maria!”

Defensora do Mundo - o mundo está com muita pressa de auxílio. E a quem recorremos senão àquela que é um “forte esquadrão contra o inimigo”?

Ab eterno - desde toda eternidade. Ao decretar desde toda eternidade a Encarnação do Verbo, Deus não o fez de um modo abstrato e indeterminado, mas sim estipulando os pormenores das condições necessárias para cumprimento deste decreto.

Mãe do Verbo - No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito(Jo 1,1-3). Ele é a Imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda criatura, porque nele foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis. Tronos, Soberanias, Principados, Potestades, Autoridades, tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de tudo e tudo nele subsiste (Cl 1,15-17) . Se o Filho encarna, precisa de uma Mãe que o dará à luz permanecendo Virgem. Além disso, essa Mãe deve ser digna dele quanto seja possível, logo, antecipadamente terá todos os privilégios que Deus pode conceder. Por conseguinte receberá todas as honras que comporta a sua condição.

Esposa de Deus - Maria é a Virgem deposada por Deus. Maria “Esposa de Deus” diz respeito diretamente à relação Maria e a Igreja que ocorre amplamente nas reflexões dos Padres da Igreja (Clemente de Alexandria, Ambrósio, Agostinho, Leão Magno, e tantos outros). Isaac de Estela, discípulo de São Bernardo, dizia: “Ambas Mães, ambas Virgens, ambas concebem por obra do espírito Santo ... Maria ... gerou ao Corpo a sua Cabeça; a Igreja... dá a esta Cabeça o seu corpo. Uma e outra são Mães de Cristo, mas nenhuma delas o gera todo inteiro sem a outra. Por isso justamente, aquilo que é dito em geral da Virgem Mãe Igreja se entende igualmente da Virgem Mãe Maria.

2.2. P r i m a

Mesa para Deus ornada / coluna sagrada de grande firmeza - casa a Deus dedicada com sete colunas e mesa preparada. Refere-se àquela passagem dos Provérbios (9, 1-2): “A sabedoria edificou para si uma casa, levantou sete colunas... e dispôs sua mesa”. Diz São Bernardo que “aquela Sabedoria, que era o próprio Deus, edificou para si uma casa que foi sua própria Mãe, na qual ergueu sete colunas que são as virtudes teologais e cardeais (Fé, Esperança, Caridade, Justiça, Temperança, Fortaleza e Prudência).

Mãe Criadora - Nova Eva. Da mesma sorte que Adão é figura de Cristo (novo Adão), Eva é figura de Maria (Nova Eva). Este é um singular paralelismo que percebemos nos Padres da Igreja feito entre Eva e Maria, modelado e inspirado no paralelismo entre Cristo e Adão(Rm 5,14; 1Cor 15, 22.45). O paralelismo entre Eva e Maria foi constituído já no século II por Justino e Ireneu: a Velha Eva que também era Virgem preferiu ouvir a voz da Serpente gerando, portanto, o pecado; a Nova Eva, Maria, a Virgem que soube ouvir a Palavra de Deus, gerou no seu santíssimo ventre, o próprio Filho de Deus. Assim a primeira Eva trouxe a tristeza e o pecado. Já a Nova Eva, trouxe-nos a paz, a esperança, o perdão e a graça salvífica. E por isso chamada Mãe da nova Criação. “Enquanto peregrinamos Maria será a Mãe e a educadora da fé. Ela cuida que o Evangelho nos penetre intimamente, plasme nossa vida de cada dia e produza em nós frutos de santidade” (Puebla 290). Ao pé da cruz, Maria recebeu de Jesus agonizante a missão de ser mãe de todos os que seriam seus discípulos (Jo 19,26).

Sois dos Santos Porta - Maria, porta do céu. As figuras de “porta, limiar, entrada, umbral”, já desde a época dos Padres da Igreja, se aplicam à Virgem Maria para esclarecer sua função de Nova Eva, ou sua maternidade virginal ou sua intercessão suplicante em favor dos fiéis. Eva inocente, que venceu pela humildade o orgulho da primeira mulher, abrindo o que esta fechara: Virgem humilde que nos abriu a porta da vida eterna: o que Eva incrédula fechara – aquela fiel abriu. As portas do paraíso que Eva fechou foram abertas por ti, Virgem Maria. Maria é porta radiante luz, pela qual, Cristo, Luz do Mundo, refulgiu para nós. A Igreja não duvida disto: pela bem aventurada Virgem Maria, de quem nos veio o Salvador, nos descerão dons da graça celeste e se nos abrirá a feliz porta do céu.

Dos anjos Senhora - Santo Tomás, explicando a Saudação Angélica, observa que no Antigo Testamento era grande honra para os seres humanos a aparição dos seres angélicos. E grande honra também era poderem os homens reverenciar aos Anjos. Que um Anjo, porém, reverenciasse ao homem, nunca se ouviu contar, a não ser depois da saudação a Maria, quando se verificou que, na natureza humana, havia quem fosse maior do que os anjos na plenitude da graça e intimidade com Deus.

Estrela de Jacó - Nm 24,17: “Eu vejo – mas não agora, eu o contemplo – mas não de perto: um astro procedente de Jacó se torna chefe, um cetro se levanta procedente de Israel. E esmaga as têmporas de Moab...” A estrela de Jacó é Maria que descende do grande patriarca. E Jesus é o cetro que se levantou de Israel e feriu os capitães de Moab, isto é, o mal e a morte, e nos deu a vitória.

Refúgio dos cristãos - Maria Santíssima que reina gloriosa no céu trabalha misteriosamente na terra,mostrando a seus filhos o caminho da verdade. Não raro sucedeu que os fiéis, por guardarem sempre vigoroso o amor e o culto à Mãe de Jesus, mesmo destituído de todo auxílio espiritual, conservaram contudo integralmente sua fé. Maria é o amparo na fé. Quando Pio VII (+1823) foi arrancado da Sé de Pedro pela violência das armas e detido em estrita prisão, toda a Igreja erguia preces a Deus pela intercessão da Virgem Maria: sucedeu então, sem se esperar, a libertação do Sumo Pontífice e a sua volta para Roma em 24 de maio de 1814, e sua restituição ao trono pontifício. Por isso o Papa pio VII decretou que se celebrasse para sempre em Roma, a 24 de maio, uma festa em honra de Maria, Auxilio dos cristãos. Ela é o auxílio do cristão para que, com a proteção dela, trave o combate da fé com intrepidez, permaneça firme na doutrina dos apóstolos e caminhe seguro entre as tempestades do mundo.

A Virgem a criou Deus no Espírito Santo / e todas as suas obras com ela as ornou - já vimos que nada se fez sem o Verbo. Mas nada se fez também sem o Espírito Santo que é o Amor do Pai e do Filho. Sem o Amor nada se faz. Aquele mesmo Espírito de quem diz o Gênesis (1,2) que, fecundando, pairava sobre as águas, já preparava o mais lindo ornamento de todas as obras: Maria.

2.3. T e r ç a

Trono de Salomão - 1Rs 10, 18-20. Do trono de Salomão diz a Sagrada Escritura que nunca se fez coisa tão preciosa pelos reinos do mundo. Era de marfim coberto de ouro finíssimo, com seis degraus e sustentado por duas mãos. Maria é o trono do verdadeiro Salomão ou Rei Pacífico, Jesus. É trono de marfim, por sua pureza e inocência, revestido do ouro finíssimo da mais ardente caridade. Duas mãos a sustentam, que são a humanidade e a divindade de Jesus.

Arca do Concerto (da Aliança) - Ex 25, 10-16. A Arca da Aliança, conservada e venerada no Templo de Salomão, coberta por fora e por dentro do mais puro ouro. Continha as duas tábuas da lei que Deus havia promulgado no Sinai. Conservava-se ali também um vaso que continha um pouco do maná que durante tantos anos caíra do céu para alimento do povo hebreu no deserto. Figura belíssima de Maria. Virgem, dotada de todas as graças e enriquecida da mais imaculada pureza tanto no que diz respeito ao corpo como no que se refere à alma, ela trouxe no seu casto seio o Verbo Eterno, o legislador divino da lei da graça, o autor da nova aliança entre Deus e os homens. Ela deu ao mundo Jesus Cristo, nosso Redentor, que é o verdadeiro maná, o pão celeste, o pão da vida, descido do céu. Lembramos ainda das passagens que dizem que Maria guardava as Palavras de Jesus no seu coração e as meditava (Lc 2,19. 51).

Velo de Gedeão - Jz 6, 36-40. O velo de Gedeão é símbolo de muitos mistérios mas principalmente de Maria Imaculada. Querendo Gedeão esclarecer-se a respeito de milagrosa aparição que tivera, deixou do lado de fora de sua casa, durante a noite, o velo de um carneiro (couro de carneiro com a lã). E com grande espanto verificou pela manhã que o relento caíra todo no velo, enquanto tudo em redor ficara seco. Na noite seguinte repetiu a mesma prova desta vez o velo estava seco e tudo o mais coberto de orvalho. Com este milagre ficou sabendo Gedeão que seria eleito para vencer os inimigos de seu povo depois de sete anos de dura opressão. São Bernardo comenta que o velo simboliza Maria que, única, foi concebida sem pecado original e, por primeira recebeu de Jesus a sua graça que havia de espalhar-se depois pelo mundo. A Igreja reconhece no velo recoberto de orvalho uma figura do Mistério da Encarnação do Verbo Divino no seio puríssimo da Virgem Maria dizendo: Senhor, quando nasceste de um modo inefável da Virgem, cumpriram-se as Escrituras que diziam “desceste como orvalho no velo a fim de salvar o gênero humano. E São Bernardo ainda diz: “Tu és, ó Maria, o terreno umedecido, impregnado de celeste orvalho”.

Íris do céu clara - Gn 9, 8-17. Quando Deus fez as pazes com a terra, depois do dilúvio, deixou um símbolo agradabilíssimo de união e de paz: o arco-íris. E, no Novo Testamento, para mostrar a sua misericórdia para com os homens, deixou não apenas um símbolo, mas um verdadeiro traço de união: a Virgem Maria – Rainha da Paz. O arco-íris tem sete cores. Maria tem os sete dons do Espírito Santo. O arco-íris foi o sinal da aliança depois do dilúvio. Maria foi o sinal da aliança depois do pecado.

Sarça da visão - Ex 3,1-6. Maria imaculada, como a sarça que ardia sem se consumir, deu à luz seu filho sem perder o privilégio da virgindade. São Gregório de Nissa diz: “Não é porventura um grande milagre ver uma virgem que se torna mãe sem deixar de ser virgem?” E São Bernardo acrescenta: “O que podia designar a sarça que ardia e não se consumia a não ser a virgem que deu à luz sem sentir as dores do parto?”. E canta assim a liturgia bizantina: “Como a sarça que não se consome ardendo, assim a Virgem deu à luz. Cristo com o fogo de sua divindade não fez arder a criatura na qual se encarnoou, antes conservou intacta a sua virgindade”.

Favo de Sansão - Jz 14, 5-9. Conta o livro dos Juízes que indo Sansão viajando com seus pais para a casa de sua noiva, ao se aproximarem das vinhas da cidade, apareceu um leão novo, feroz e que rugia fortemente e avançou contra Sansão. Mas o espírito do Senhor apossou-se de Sansão e ele depedaçou o leão como se fosse um cordeiro, sem arma alguma na mão . Mas nada disse a seus pais. Quando voltavam alguns dias depois Sansão afastou-se do caminho para ver o cadáver do leão e eis que na boca do leão estava um enxame de abelhas e um favo de mel. E, tomando-o nas mãos ia comendo pelo caminho, e chegando onde estavam seu pai e sua mãe, deu-lhes uma parte que eles também comeram. Assim como, dentro da boca de uma fera, se encontrou um favo, também no seio da humanidade não tão humana, encontrou-se Maria. E assim como, no seio da morte (no cadáver do leão), encontrou-se a vida (enxame de abelhas), assim também dentro da humanidade pecadora encontrou-se Maria: concebida sem pecado. Maria, laboriosa e humilde abelha que nos preparou o favo dulcíssimo, Jesus, que saboreamos pelo caminho da nossa vida toda vez que recebemos a Eucaristia.

Florescente vara - Nm 17, 16-26; Is 11, 1-2. O livro dos números conta que a escolha de Aarão foi feita da seguinte forma: Deus mandou que um varão de cada tribo de Israel colocasse uma vara junto ao Tabernáculo e a vara do escolhido florescia. Foi o que aconteceu coma vara de Aarão onde apareceram botões, depois flores e frutos sem prejudicar o seu frescor. Essa vara, diz São Bernardo, é figura de Maria que floresceu sem raízes e sem a seiva da natureza; pois ela se tornou fecunda e deu à Luz Jesus sem a mínima alteração de sua pureza virginal, à maneira da vara de Aarão que nada perdia de sua verde folhagem, produzindo flores e frutos. No texto de Isaías lemos que “um ramo brotará do trono de Jessé”. Jessé foi o Pai do rei Davi, de quem Jesus era chamado filho (Mt 21,9), por ser descendente seu. Maria é este ramo de floresce quando dela nasce Jesus.

2.4. S e x t a

Da Trindade Templo - A Santíssima Virgem por especial razão é Templo. Carregando em seu seio imaculado o próprio Filho de Deus, tornou-se Templo do verdadeiro Deus. Tendo guardado em seu coração a palavra de Deus (Lc 2, 16-17), tendo amado ardentemente a Cristo e conservado fielmente seus dizeres, vieram a ela o Pai e o Filho, e nela estabeleceram sua morada, segundo a promessa do próprio Senhor (Jo 14,23). Maria é o Templo Santo construído com indizível arte pelo Senhor; templo singular da glória de Deus pela obediência da fé e mistério da Encarnação, templo da justiça, templo da piedade para nós pecadores... templo repleto do Espírito Santo. Diz São Gregório: “És esplendor de luz, ó Maria, no sublime reino espiritual! Em ti o Pai, que é sem princípio e cuja potência te cobriu, é glorificado. Em ti que carregaste segundo a carne, é adorado. Em ti o Espírito Santo, que operou nas tuas entranhas o nascimento do grande Rei, é celebrado. É graças a ti, ó cheia de graça, que a Trindade Santa e consubstancial pôde ser conhecida no mundo”.

Horto de Deleites - Gn 2, 8-15. O Horto, na terra do Éden – nome que significa delícia – tinha a virtude de produzir, sem o auxílio do homem, os mais deliciosos frutos e a mais linda vegetação. Uma fonte abundantíssima fertilizava todo aquele jardim. Perfeito símbolo de Maria que, sendo Virgem, também é Mãe. Sua fecundidade vem do Espírito Santo. São João Damasceno diz: “Tu és o Horto espiritual, mais santo e mais divino que o antigo, pois este foi a morada de Adão e tu foste o paraíso daquele que desceu do céu para habitar em ti”.

Palma de paciência - Vencedora do demônio. Maria Santíssima é suportadora das angústias e sofrimentos de sua missão de Mãe do Redentor. À Maria dá-se com extrema justeza, o título ou figura de palma da vitória, sendo nosso modelo para que, a seu exemplo vençamos as tentações. Por analogia Maria é comparada também à resistente palmeira, que os vendavais não conseguem abater. Maria, palmeira eleita, passou por todas as tribulações sem vergar. Estava de pé junto à cruz sem que a veemência da dor a pudesse prostrar. Mártires e confessores têm-na como Rainha, porque soube viver e morrer dando heróicos testemunhos de fé (Gn 3,15).

Terra bendita e sacerdotal - A terra, o terreno do Paraíso terrestre era virgem, não lavrada por mãos humanas, sendo no entanto, fertilíssima porque era obra de Deus; produzia plantas, flores e frutos (símbolo das virtudes) e não dava nenhum espinho (figura do pecado). Era portanto terra santa. Da filha desta terra bendita, fertilizada pelo Espírito Santo – Maria – nasceu o Salvador, sumo Sacerdote, sumo Sacerdote, realizando a profecia de Isaías: “Abra-se a terra e germine o Salvador”. É também figura de Maria pela beleza e fartura, em suma, pelas excelências. Terra de Canaã fecunda apontada a Moisés (Gn 2,8; Dt 8, 7-10).

Cidade do Altíssimo - Aqui faz-se alusão à cidade de Jerusalém que teve a honra de ser preferida para aa construção do Templo, onde Jesus haveria de ensinar mais tarde. Maria foi comparada ao Templo, é comparada agora a Jerusalém, cidade santa. Ou melhor, Maria é a verdadeira Jerusalém, pois ao invés de dar a morte, deu a vida ao Redentor, e nunca foi destruída e nem mesmo ameaçada pelo inimigo.

Porta Oriental - Ez 46, 1-3. A liturgia se serve da mesma comparação no Ofício do Advento: Salve Porta Oriental!, porque foi por Maria que raiou o divino oriente – seu Filho Jesus. Lê-se em Ezequiel: “Isto diz o Senhor: a porta do átrio interior, que olha para o oriente, estará fechada durante os seis dias que são de trabalho; mas abrir-se-á no dia de Sábado, e também se abrirá no primeiro dia de cada mês. E o príncipe entrará pelo caminho do vestíbulo da porta... e fará adoração sobre o limiar desta porta, e depois sairá, e a porta não se fechará até a tarde. E o povo do país fará sua adoração à entrada daquela porta nos dias de Sábado”. Maria é a porta Oriental donde saiu o Sol da Justiça; é aporta que se abre ao pecador, pela misericórdia. A porta se abrirá e não se fechará mais. O povo se aproximará sem meedo e adorará o Senhor, glorificando a divina Mãe.

Lírio cheiroso entre os espinhos - Ct 2, 1-2. Santa Brígida diz que “assim como a rosa cresce entre os espinhos, assim cresceu Maria entre os sofrimentos”. Espinhos também são nossos pecados; espinhos são as blasfêmias e ingratidões para com seu Imaculado Coração. Além disso, o lírio é uma flor que reflete tranqüilidade pelo seu aspecto, símbolo da pureza pela sua nitidez, da beleza pelos seus contornos, do encanto pela sua fragrância. Dentre as flores é, portanto, a que mais e melhor se pode comparar a Maria, que além do mais, como a Santíssima Virgem, tem o poder de cura.

2.5. N ô a

A hora Nôa representa o tempo do dia em que as batalhas antigamente costumavam ser mais renhidas, por estar o sol quase entrando no último quadrante do seu esplendor diurno, aproveitável para a peleja. Assim é que os acentos do hino são todos alusivos a sinais de batalha e ao poder vitorioso da Virgem.

Torre de Davi - 2Sm 5,9; Ct 4,4. Acena-se a uma das muitas torres que Davi mandou erguer na cidade de Sião. A Virgem é apresentada como uma fortaleza contendo as defesas contra os inimigos e o arsenal de armas para combate-los. Para isso eram construídas as torres. Maria Santíssima é uma torre tão bem edificada que, como São Tomás de Villanova podemos dizer: “Ocupando-lhe a praça forte o próprio Deus, não podia este sem grande cuidado, permitir ao demônio que dela se apoderasse, nem um instante sequer. Para isso teve que comunicar-lhe um poder inquebrantável, transformando-a numa verdadeira fortaleza davídica”. Assim Maria é aquela criatura santa que nunca foi vencida pelo pecado, toda cheia de graça e fiel a Deus. É nisso precisamente que consiste o mistério da Imaculada Conceição, que nos apresenta em Maria o rosto do homem novo redimido por Cristo, no qual Deus recria ainda de modo mais admirável o projeto do paraíso (Puebla, 298).

A Mulher e o Dragão - Após o pecado dos primeiros pais quando Deus amaldiçoou a serpente, Ele anunciou que a descendência da Mulher haveria de esmagar-lhe a cabeça (Gn 3, 15). Por isso, Maria Imaculada aparece com a cobre debaixo dos pés. Trazendo ao mundo o Salvador, ela deu início a vitória do Bem sobre o Mal. Outra citação vemos em Ap 12. Há, portanto, duas grandes seduções, ou dois grandes ataques do demônio (dragão) com relação à mulher: a astúcia da serpente que quer que a inteligência contemplativa de Eva seja apenas uma inteligência eficaz (conhecedora de tudo = Deus) e a oposição brava do dragão com relação à mulher, para que ela deixe de ser fonte de vida. A diferença entre esses dois ataques é que na grande visão do Apocalipse a mulher não cai na armadilha. Ela é ajudada por Deus, recebe as “duas asas de grande águia e voa para o deserto”, onde Deus lhe preparou um refúgio. O demônio, no seu ataque contra a fecundidade, portanto, jamais será vitorioso: ele não pode ser vitorioso. Mas irá muito longe: bem sabemos hoje que ele vai muito longe no seu ataque contra a fecundidade segundo a carne e o sangue, e também contra a fecundidade espiritual. Ele tenta por todos os meios suprimir essa dupla fecundidade. Mas há um socorro de Deus para a Mulher, e, portanto, para a criatura que deve ser fonte de vida e guardiã da vida. Esse socorro divino, são as duas asas da grande águia. Estas duas asas da grande águia são, segundo os Padres da Igreja, a adoração e a contemplação. Se a mulher – isto é, a criatura na sua fraqueza – continuar a adorar e contemplar, ela não cairá na armadilha do dragão.

Mulher forte - O livro dos Provérbios (31, 10-31) faz o elogio da perfeita dona de casa, que se mostra solícita, corajosa e operante em tudo que faz. Em todos os tempos, inclusive hoje, existem mulheres que vivem esse ideal de doação total. Porém, mais que todas, Maria sempre teve essa fortaleza de ânimo para executar sua missão no lar e na sociedade. Foi ela a “a mulher forte que conheceu a pobreza e o sofrimento, a fuga e o exílio; é o modelo para os que não aceitam passivamente as circunstâncias adversas da vida pessoal e social, nem são vítimas de alienação” (Puebla, 297,302); tornou-se assim exemplo “para a mulher contemporânea, desejosa de participar com poder de decisão nas opções da Comunidade (Paulo VI, Exortação Apostólica Marialis Cultus, 37).

Invicta Judite - Jd 8,4-8; 15,8-10. No Livro de Judite ela é cognominada Libertadora de Betúlia; à semelhança do livro de Éster, é uma história de libertação do povo por uma heroína: Holofernes, enviado com 132 mil homens pelo rei da Assíria, Nabucodonosor, para invadir a Ásia ocidental, acampa em Betúlia, sitiando a cidade. Judite, seduzindo o general inimigo cortou-lhe a cabeça depois de embriagá-lo; leva Judite então, esse troféu de guerra e exibe-o a seu povo em Betúlia. Eis a aplicação como figura de Maria que nos liberta de Satanás. A Igreja exalta a Maria com as mesmas palavras com que os hebreus festejaram o triunfo desta mulher corajosa que, arriscando a vida, cortou a cabeça do general inimigo e assim salvou seu povo: “Tu és a glória de Jerusalém, és a alegria de Israel, a honra de nosso povo!” .

Alentastes o Sumo Davi - Na história de Davi se conta que ele, estando já velho, mandou que lhe procurassem uma jovem esposa para o assistir e cuidar dele. Procuraram em todo território de Israel e trouxeram-lhe uma jovem belíssima, chamada Abisag de Sunan, que o serviu e se tornou sua esposa, mas permaneceu virgem (1Rs 1,1-4). Cristo relizou as esperanças que o povo colocava em Davi; por isso ele foi reconhecido como um novo Davi, um Filho de Davi. A seu lado, Nossa Senhora tornou-se a esposa virginal de Deus.

Maria e Raquel - Gn 29, 15-30; 37; 39; 41,37-57. Conta o Livro do Gênesis que chegou Raquel certo dia com os rebanhos de seu pai Labão, para apascentá-los. Vendo-a Jacó e sabendo que ela era sua prima irmã e que aqueles rebanhos pertenciam ao sei tio Labão, ajudou Raquel a levantar a pedra do poço para dar de beber ao rebanho. Raquel era formosa e muito agradável. E Jacó, sentindo uma grande afeição disse para Labão que serviria sete anos pela sua segunda filha, Raquel. O texto sagrado mostra-nos em Raquel uma mulher de rara beleza e de uma grande amenidade de temperamento. Sob esse duplo aspecto, tornou-se a filha de Labão uma impressionante figura da formosa e mansa Virgem Maria. Raquel foi sempre, por parte de Jacó, o objeto de um amor cuja ternura não se enfraqueceu jamais. A virgem Maria foi o objeto das complacências eternas e de uma predileção sem par da parte de Deus. Mas o que de mais significativo é que Raquel foi a mãe de José. José foi vendido por seus irmãos e levado para o Egito. Esta venda proporcionou depois a salvação do Egito e o Faraó o declarou salvador do mundo. Jesus foi vendido por Judas aos Judeus e esta venda operou a salvação de nossas almas. José perdoou, alimentou com o trigo, enriqueceu e salvou seus irmãos da morte. Jesus também perdoou do alto da cruz e continua perdoando pelo sacramento da Reconciliação; alimenta com a Eucaristia e nos enriquece com a sua graça e dons do divino Espírito Santo. Por fim, Jesus é o Salvador do mundo e vencedor do pecado e da morte. “Do Egito o curador de Raquel nasceu, do mundo o Salvador Maria no-lo deu”.

2.6. V é s p e r a s

Relógio atrasado - 2Rs 20,8-11; Is 38,7-8. O episódio bíblico referido aqui é o da cura obtida pelo rei Ezequias por intervenção do profeta Isaías. Quando este anunciou ao rei que ficaria curado, ele não quis acreditar sem antes ver um sinal do céu, que confirmasse as palavras do Profeta. Isaías então disse que a sombra do sol, com a qual se marcavam as horas no relógio solar, haveria de atrasar dez graus, como se as horas do dia voltassem atrás. Para entendermos que semelhança pode haver entre esse relógio e Maria Santíssima, temos de ler a estrofe seguinte (Para que o homem suba às sumas alturas / desce Deus dos céus para as criaturas) que fala da descida de Deus até junto das criaturas. O Verbo se humilhou, tomando a forma de servo (Fl 2,7), quando se encarnou no seio de Maria; o sol que retrocede representa o Cristo que se rebaixa, fazendo-se homem. Então Maria é comparada ao relógio, no qual se realiza essa aniquilação do Sol divino. Outra analogia que se pode fazer é que em Nossa Senhora no momento de sua Concepção Imaculada o sinal da Redenção foi nela impresso antecipadamente, em virtude da previsão dos méritos do seu divino Filho. As sombras do pecado original foram como que recuando para dar passagem a essa alma predestinada, que deva irradiar ao mundo o Sol da Justiça, Jesus Cristo, Salvador dos homens.

Fizeste nascer sol tão fecundo - Cristo é a luz do mundo, é o Sol da Justiça. Cristo nasceu de Maria. A igreja recorda freqüentemente esse mistério de Maria: Fonte de Luz (São João Damasceno); Janela do céu pela qual o Pai derramou sua luz (São Fulgêncio); Maria é a Mãe da Luz: da luz que ilumina os próprios Serafins; da Luz que ilumina os últimos confins da terra; da Luz que disse Eu sou a luz do mundo; da luz que iluminou todas as coisas que estão no céu e na terra (Santo Epifânio). Deus prometeu através do profeta Malaquias: “Para vós que temeis o meu Nome brilhará o Sol da Justiça” (Ml 3,20). Esse Sol é o Cristo Salvador, que faz Maria resplandecer com sua Luz, pois Ele é a luz do mundo (Jo 8,12). Por isso São João viu Maria no Apocalipse como “uma mulher vestida com o sol” (Ap 12,1).

Os cegos errados Vós alumiais - a nós que muitas vezes erramos o caminho, cegos pelas ilusões do mundo, Nossa senhora nos aponta aquele que é o “Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6) dizendo-nos como nas bodas de Cana “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5).

E como com nuvens cobristes o mundo - Eclo 24,6: “À semelhança de uma névoa, eu cobri a terra toda”. Esta nuvem é um símbolo de Maria; 1o) porque cobriu a miséria e nudez dos homens com a sua misericórdia e graça; 2o) porque aquece a nossa tibieza e desânimo, tornando-os fervorosos e ativos; 3o) porque assim como, quando vem a névoa e sopra o vento norte, desaparecem o gelo e os rigores do vento sul, ficando a terra fecunda, assim também, por Maria, que atrai o Espírito Santo – sopro vindo do céu – dissolve-se o gelo e quebra-se a dureza de nosso coração, ficando desse modo fecundo. Em Puebla os Bispos disseram: “Maria não vela apenas pela Igreja. Tem um coração tão grande quanto o mundo e intercede ante o Senhor da história por todos os povos. Isto bem registra a fé popular, que põe nas mãos de Maria, como Rainha e Mãe, o destino de nossas nações” (289).

2.7. C o m p l e t a s

Rainha de clemência - Esse título celebra a benignidade, generosidade e dignidade de Maria, que elevada aos céus, realiza a figura da rainha Ester (Est 4,17) e sem cessar roga a seu Filho pela salvação do povo, que confiante se refugia junto a ela nas tribulações e perigos. A Virgem Maria é, portanto, a Rainha Clemente que, conhecedora singular da misericórdia de Deus, acolhe todos os que junto dela se refugiam. Por isso é chamada consolação dos penitentes e esperança dos aflitos. A Virgem Maria, no céu, apresenta constantemente as necessidades dos fiéis ao Filho como o fez em Caná (Jo 2, 1-11).

De estrelas coroada - Em Ap 12,1, aparece no céu, como um grande sinal, a Mãe do Messias, coroada de doze estrelas. A liturgia aplica esse texto à Assunção de Maria, na qual “se nos manifestam o sentido e o destino do corpo santificado pela graça. No corpo glorioso de Maria, começa a criação material a ter parte no corpo ressuscitado de Cristo. Maria é a integridade humana, corpo e alma, que agora reina intercedendo pelos homens, peregrinos na história” (Puebla 298).

Estais de ouro ornada - O Salmo 44 composto para celebrar as núpcias do rei, descreve o cortejo formado pelas princesas que os monarcas. A rainha, que traja vestes douradas e está à direita do rei, simboliza Maria que, “ao lado do Rei dos séculos, resplandece como Rainha e intercede como Mãe”(Paulo VI, Exortação Apostólica Marialis Cultus, 6).

Mãe da Graça - Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem é o único mediador sempre vivo a interceder por nós ao Pai (Tm 2,5; Hb 7,25). Mas a Santíssima Virgem é mãe e medianeira da graça porque Deus Pai por misterioso desígnio da providência, a constituiu mãe e companheira do Redentor. Mãe da graça é a Santíssima Virgem porque foi a que trouxe em suas castas entranhas ao Deus e homem verdadeiro e nos deu o próprio Autor da graça.

Seguro porto aos navegantes - Para os que enfrentamos as tempestades deste mundo, Maria é “vida, doçura, esperança nossa”. Santo Afonso dizia que a devoção a Maria é sinal seguro de salvação; afirmou também que um verdadeiro devoto de Maria não se perde, pois ela tudo alcança junto de seu Filho em favor dos que a invocam.

Estrela do mar - Santo Tomás explica assim esse título de Maria: “Assim como por meio da estrela do mar os navegantes são orientados para o porto, assim os cristãos por meio de Maria são conduzidos para a glória. E é precisamente este o significado do nome Maria: Senhora do mar. O mar pode ser entendido como nossa vida cujas saudades lembram as distâncias do Porto, cujas vaidades crescem e se desmancham como as ondas; cujo tédio as vezes cansa e desanima como as calmarias; cujas tentações sacodem e abalam como os ventos fortes. Maria é a Estrela do Mar, pois quando aparece tranqüiliza nossa saudade, acalma todas as nossas ondas, suaviza o nosso viver com a doce aragem de seu carinho materno, diminui as tentações e desmancha as nuvens da tempestade.

Saúde certa - A salvação de Deus atinge o homem todo, seu corpo, sua alma, seu espírito; tanto como peregrino na terra, como habitante do céu. pela salvação alcançada por Cristo do Espírito Santo, a condição do homem muda inteiramente: a opressão se converte em liberdade, a ignorância em conhecimento da verdade, a aflição em alegria, a morte em vida, a escravidão do pecado em participação da natureza divina. Contudo, a absoluta e perfeita salvação, o homem não a pode alcançar neste mundo: sua vida está sujeita à dor, à enfermidade, à morte. A salvação de Deus é o próprio Jesus Cristo, que o Pai enviou ao mundo como Salvador do homem e médico dos corpos e das almas, como o chama a liturgia referindo-se às palavras de Santo Inácio de Antioquia. Nos dias de sua vida mortal, cheio de misericórdia, curou muitos doentes, libertando-os muitas vezes também das chagas do pecado(Mt 9,2-8; Jo 5,1-14). Também a Santíssima Virgem, como Mãe de Cristo, salvador do homem, e Mãe dos fiéis, socorre com muito amor seus filhos aflitos. Por isso freqüentemente os enfermos acorrem a ela, vão muitas vezes aos seus santuários, para obter saúde por sua intercessão. Nos santuários marianos encontram-se muitos testemunhos desta confiança dos enfermos para com a Mãe de Cristo. Na Ladainha, também invocamos Maria como “saúde dos enfermos”. Por meio de sua poderosa intercessão, recuperam a saúde os doentes de qualquer espécie. Como seu Filho “passou pelo mundo fazendo o bem” (At 10,38), Nossa Senhora não se cansa de zelar pela felicidade de seus filhos.

Óleo derramado - Essa imagem é tirada de Ct 1,2: “Teu nome é como um óleo escorrendo”. O óleo tem as propriedades de alimentar, curar, fortalecer, perfumar; assim os que invocam o nome de Maria com confiança experimentam e sua vida que “a devoção à virgem Santíssima é um auxílio poderoso para o homem em marcha para a conquista da sua própria plenitude” (Paulo VI, Exortação Apostólica Marialis Cultus, 57). Maria é o óleo que Jesus, Bom Samaritano, derramou em nossas feridas. O óleo apaga o fogo na pedra e o alimenta na madeira. Assim procede Maria com nosso coração que, quando tornado pedra pelo fogo das paixões, sente que se apaga esse fogo com o nome da Mãe de Deus; e quando arde no amor divino, sente crescer esse ardor no óleo deste mesmo Nome. Ainda se diz: o vosso nome, ó Maria, escrito ou pronunciado, ou somente imaginado, mantém, alenta, restaura, ilumina e alegra.

****************************

MARIA

Esse nome é forte como um hino de guerra e brando como um hino de paz!
Esse nome é doce como o favo de Sansão e claro como o nome de luz!
Esse nome é nobre como o nome de rainha e popular como o nome de amor!
Esse nome é limpo como a estrela da manhã e piedoso como a estrela da tarde!
Esse nome é solene como o trono de Salomão e simples como o lírio cheiroso!
Esse nome queima como o nome de sarça e alivia como o nome de óleo!
Esse nome é delicado como o nome de filha e estremecido como o nome de esposa!
Esse nome é novo como o nome do Bem e alegre como o nome da vida!
Esse nome é santo como Arca da Aliança e indulgente como as cidades de refúgio!
Esse nome sustenta como as sete colunas e guarda como a Torre de Davi!
Esse nome é plácido como a torre de marfim e tão meigo como o nome da lua!
Esse nome é terrível como o nome de Judite e agradável como o de Ester!
Esse nome é benquisto como o de Abigail e benfazejo como o de Raquel!
Esse nome é grande como as alturas do céu e profundo como as descidas do mar!
Esse nome é quente como um hino de amor e doce como o nome de Mãe!

(Autor desconhecido)
DIMENSÃO TRINITÁRIA DAS CONSTITUIÇÕES GERAIS DAORDEM DA IMACULADA CONCEIÇÃO
Ir. Lindinalva de Maria, OIC
Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição
Salvador/BA

ARTIGO 11:
As Concepcionistas, regeneradas pelo Espírito de Deus, convertem-se em acolhida generosa das iniciativas do Pai em prolongamento ativo da ação divina na História da salvação e da Igreja.

ARTIGO 29:
Fórmula da Profissão – Consagração a Deus
No seguimento de Cristo
Sob a ação e graça do Espírito Santo.

ARTIGO 30,2:
A obediência evangélica fundamenta-se na fé e no amor pelo qual, sob o impulso do Espírito, se entra em comunhão com a vontade salvífica do Pai no mistério de Cristo servidor.

ARTIGO 40:
Por sua vida contemplativa as Irmãs concepcionistas estão especialmente atentas à Palavra que Deus pronuncia em Cristo, seu Filho, e aos apelos do Espírito na mediação da consciência pessoal, na Igreja, na fraternidade, nos acontecimentos e na vida do mundo.

ARTIGO 49,2:
A castidade consagrada tem suas raízes no amor gratuito de Deus que liberta, unifica e transforma o ser humano mediante uma misteriosa semelhança com Cristo, geradora de amor universal, que sob a ação do Espírito Santo constrói o reino de Deus sobre a terra.

ARTIGO 95:
A vida fraterna em comum é uma manifestação do amor de Deus que une as irmãs entre si e as congrega em torno de Cristo formando uma família peculiar na qual cada irmã é um lugar privilegiado de comunhão com Deus.

Esta família é sinal e sacramento do mistério da Trindade, manifesta o advento de Cristo e dá testemunho da reconciliação universal.

O centro da comunidade é o próprio Cristo. Quando num mosteiro vivem nove irmãs, na realidade são dez pessoas no mosteiro: as irmãs e o Senhor. A vida comum no mosteiro depende da consciência de que agora se está reunido em torno do Senhor.

Quando as irmãs estão reunidas em torno do senhor, estão também inseridas no Mistério da Trindade:
- Como o Pai se doa no Filho, assim as irmãs se doam umas às outras;
- Como o Filho responde ao Pai, assim as irmãs respondem umas às outras;
- Como o Espírito Santo é o vínculo da unidade entre o Pai e o Filho, assim as Irmãs se unem no Amor.

sábado, 17 de maio de 2008

Santíssima Trindade


Das cartas de Santo Atanásio, bispo
Séc, IV

Luz, esplendor e graça na Trindade e da Trindade.


Não devemos perder de vista a tradição, a doutrina e a fé da Igreja Católica, tal como o Senhor ensinou, tal como os apóstolos pregaram e os Santos Padres transmitiram. De fato, a tradição constitui o alicerce da igreja, e todo aquele que dela se afasta deixa de ser cristão e não merece mais usar este nome. Ora, a nossa fé é esta: cremos na Trindade Santa e perfeita, que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo; neja não há mistura alguma de elemento estranho; não se compõe de Criador e criatura; mas toda ela é potência e força operativa; uma só é a sua natureza, uma só é a sua eficiência e ação. O Pai cria todas as coisas por meio do Verbo, no Espírito Santo; e deste modo, se afirma a unidade da Santíssima Trindade. Por isso, proclama-se na Igreja um só Deus, que reina sobre tudo, age em tudo e permanece em todas as coisas (cf. Ef 4,6). Reina sobre tudo como Pai, princípio e origem; age em tudo, isto é, por meio do Verbo; e permanece em todas as coisas no Espírito Santo. São Paulo, escrevendo aos coríntios acerca dos dons espirituais, tudo refere a Deus Pai como princípio de todas as coisas, dizendo: Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos (lCor 12,4-6 ) Os dons que o Espírito distribui a cada um vem do Pai por meio do Verbo. De fato, tudo o que é do Pai é do Filho; por conseguinte, as graças concedidas pelo Filho, no Espírito Santo, são dons do Pai. Igualmente, quando o Espírito está em nós, está em nós o Verbo, de quem recebemos o Espírito; e, como o Verbo, está também o Pai. Assim se cumpre o que diz a Escritura: Eu e o Pai viremos a Ele e nele faremos a nossa morada (1014,23). Pois onde está a luz, aí também está o esplendor da luz; e onde está o esplendor, aí também está a sua graça eficiente e esplendorosa. São Paulo nos ensina tudo isto na segunda Carta aos coríntios, com as seguintes palavras: A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós (2Cor 13,13). Com efeito, toda a graça que nos é dada em nome da Santíssima Trindade, vem do Pai, pelo Filho, no Espírito Santo. Assim como toda a graça nos vem do Pai por meio do Filho, assim também não podemos receber nenhuma graça senão do Espírito Santo. Realmente, participantes do Espírito Santo, possuímos o amor do Pai, a graça do Filho e a comunhão do mesmo Espírito.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

"Entrego-me à minha causa com paixão, sabendo que a paixão é o poder que cria nova vida, novas alegrias e novas realizações para mim e para os outros"

(JONES, Laurie)

Reflexão:

Paixão é condição para que o amor possa surgir. A paixão desperta em nós a energia de “eros” e nos possibilita maior prazer em nossa vida. O prazer em trabalhar, em produzir, em alimentar, em contemplar um pôr-do-sol, em dividir a vida com alguém... Entramos em contato com o “eros” quando entregamos (compartilhamos) a sexualidade do nosso ser pessoa e quando a sexualidade educa nossa vida. A educação dos instintos é fundamental para encontrarmos nosso equilíbrio na energia de eros.A paixão também é a energia que nos move a fazer as coisas com afinco, a ter metas, a cumprir os projetos. Sem paixão a vida fica sem graça, perde o encanto e o brilho...Uma excelente semana a todos. Vivam intensamente cada momento com paixão, ternura, amor, encantamento...Frei Paulo.

Feliz festa de Pentecostes!
Que o Divino Espírito Santo inunde o seu ser com a plenitude de seus dons.

sábado, 3 de maio de 2008

Ascenção do Senhor


Homilia do Sexto Domingo do tempo Pascal
(Jo: 14, 15-21)

D. Ângelo Alves de Oliveira, OSB
Mosteiro São Bento- Salvador/BA

Caros irmãos e irmãs, nós estamos no Sexto Domingo da Páscoa e neste domingo a Igreja proclama o evangelho de São João 14,15-21. São João, no seu evangelho, após a narrativa da ceia e do lava-pés e depois da saída de Judas Iscariotes, nos apresenta uma longa fala de despedida de Jesus. Jesus está na última ceia se despedindo de seus Apóstolos, e esse clima de Jesus que sabe que irá sofrer a cruz, a paixão, a morte serve para o clima de despedida que nós vivemos nesse período de tempo pascal, que nós nos preparamos para a ascensão do Senhor que vamos celebrar no próximo domingo. Pois bem, no Sexto Domingo de Páscoa Jesus está preparando os seus discípulos para a vida e a vida a partir do Espírito Santo no tempo da Igreja.
Jesus nos seus dias aqui na terra preparou os seus discípulos e nos prepara hoje, e nós temos que viver com ele unidos e unidos a ele através do Espírito Santo que é o tempo da Igreja, o tempo que nós agora vivemos. E o tempo da Igreja é marcado por uma perseguição constante, como se nós estivéssemos sendo continuamente julgados. É por causa deste julgamento, que Jesus então nos faz um defensor.
A Igreja e seus discípulos perseguidos precisam de um Paráclito. Vejam como isso faz todo sentido no contexto do evangelho de São João. Todo o evangelho de São João, de alguma forma é um processo contra Jesus. Desde o início Jesus está sendo perseguido, acusado e interrogado: de onde você vem? Que autoridade você tem pra fazer estas coisas? Pois bem, Jesus invoca testemunhas. E estas testemunhas são suas obras, João Batista e, sobretudo o próprio Pai.
Agora Jesus sobe para o Pai e não nos quer deixar órfãos, ou seja, não nos quer deixar desamparados.
Se nós formos olhar no Antigo Testamento, há toda uma tradição de cuidados de Deus para com os órfãos e para com as viúvas. Deus é o Pai dos pobres, é aquele que ampara os desamparados.
É exatamente pegando esta idéia e esta tradição do Antigo Testamento que Jesus aqui diz: “Não vos deixareis órfãos”. Ele enviará o Espírito Santo, o defensor que recebe o título pela própria Tradição da Igreja de “Pater Pauperum” pai dos pobres.
O Espírito Santo meus irmãos e irmãs é aquele que está como advogado, como defensor, como pai dos pobres, como aquele que está do nosso lado no momento de angustia e de perseguição.
E uma das características da fidelidade da Igreja a nosso Senhor, é a perseguição. Nós sabemos que a Igreja é fiel a Jesus Cristo, portanto, ela será perseguida até o fim dos tempos.
Se nós formos muito aplaudidos, se o mundo achar que a Igreja está bem, que beleza! Podemos desconfiar, porque foi assim que trataram os falsos profetas, nos recorda Jesus. Portanto, meus irmãos e irmãs, não nos assustemos se a medida de nossa fidelidade a Jesus é uma certa perseguição, é uma certa provação. Porque a Igreja é perseguida e continuará sendo perseguida e vivendo o processo contra Jesus até o fim dos tempos, até que Nosso Senhor Jesus Cristo volte definitivamente na sua Glória.
Mas enquanto isso, nós não estamos sozinhos. Nos discursos escatológicos dos evangelhos sinóticos, ou seja, nos discursos finais dos evangelhos de Mt, Mc e Lc, Jesus diz exatamente isto: “Não vos preocupeis com o que dizer quando fordes levados aos tribunais”. E quais são os tribunais que a Igreja é levada hoje? Os tribunais aos quais a Igreja é levada hoje são os mais diferentes e diversificados. Quantas vezes somos levados ao tribunal da mídia? Quantas vezes somos levados ao tribunal do nosso ambiente de trabalho? Ao tribunal dos nossos amigos?
Não vos preocupeis com o que dizer, o Espírito Santo, o Paráclito, o Defensor, ele está conosco, mesmo quando, por causa da nossa fidelidade somos perseguidos.
Mas é preciso meus irmãos e irmãs, clamar dia após dia por esse defensor nosso. É preciso dar espaço a sua ação em nossas vidas. Ninguém mais que Deus respeita a nossa liberdade. E a este respeito vale a pena recordar o testemunho de uma criança: Ao ser entrevistada, num programa americano de televisão, a apresentadora perguntou-lhe: «Como é que Deus permitiu que acontecesse algo tão horroroso no dia 11 de Setembro»? A criança deu uma resposta extremamente profunda e sábia: “Eu creio que Deus ficou tão profundamente triste com o que aconteceu, como nós ficamos. Mas, desde há muito tempo, que nós dizemos a Deus, para não interferir nas nossas escolhas e no governo das nossas vidas. Sendo como Deus é, que nos deixa toda a liberdade do mundo, eu creio que Ele calmamente nos deixou. À vista dos acontecimentos recentes: ataque dos terroristas, tiroteio nas escolas, o caos que vivemos em nossa sociedade etc., eu creio que tudo começou desde que os homens e mulheres se queixaram de que era impróprio fazer-se oração nas escolas, como tradicionalmente se fazia, e nós concordamos com isso. Depois disso, alguém disse que também seria melhor não ler mais a Bíblia nas escolas... a Bíblia, que nos ensina que não devemos matar, não devemos roubar, e que devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos. E nós concordamos. E se uma menina hoje escrevesse um bilhetinho para Deus, dizendo: «Senhor, por que não salvaste aquela criança jogada pela janela?», a Sua resposta seria simplesmente esta: «Querida filha, sabes bem que não me deixam entrar nos lares!». Isso é só pra mostrar o quanto somos rápidos para julgar a Deus, a Igreja como um todo, mas que não queremos ser julgados pelos nossos atos.
Meus irmãos e minhas irmãs se damos espaço para Deus em nossos lares, em nossas vidas, é bem verdade que nós não estamos sozinhos, é bem verdade que nós temos alguém conosco. Que a orfandade não existe, porque o Espírito Santo é pai dos pobres.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

OIC- Ordem da Imaculada Conceição

A Ordem da Imaculada Conceição, fundada por Santa Beatriz da Silva é um Instituto religioso no qual as monjas, seguindo mais de perto a Cristo sob a ação do Espírito Santo, vivem o Evangelho segundo a Regra e a forma de vida aprovada pelo Papa Júlio II ( 17 de setembro de 1511). As Concepcionistas se consagram totalmente a Deus, desposando-se com Jesus Cristo, nosso Redentor, em honra da Conceição Imaculada de sua Mãe, pela profissão dos conselhos evangélicos de obediência, sem próprio e em castidade, vividas em comunhão fraterna e em perpétua clausura. Pelo divino caminho da humildade e pobreza de nosso Senhor Jesus Cristo e de sua bendita Mãe, inspirado a Santa Beatriz pelo Espírito Santo, as Concepcionista unidas de modo especial à Igreja e seu mistério, vivem sua condição humana no serviço do Reino ao qual se entregam como hóstia viva em corpo e alma. Sem a Igreja, uma irmã não é Concepcionista, mas com a Igreja ela o é totalmente. Por isso, a Concepcionista se situa plenamente na Igreja e, assim, dá testemunho do mistério da Igreja através da Imaculada Conceição, que só é compreensível porque ela se tornou Igreja em Jesus Cristo. A Ordem da Imaculada Conceição é totalmente contemplativa. Seduzida pelo amor eterno de Deus, vive o mistério de Cristo a partir da fé, da oração constante, da disponibilidade e do ocultamento silencioso. As Concepcionistas, fiéis à sua vocação de vida religiosa contemplativa e fiéis ao carisma de Santa Beatriz, seguem com Maria os passos de Jesus Cristo, procurando ter sobre todas as coisas o espírito do Senhor e sua santa operação, com pureza de coração e oração devota. Em companhia de Maria, a Mãe de Jesus (At 1,14), as Concepcionistas permanecem num mesmo espírito de oração, conscientes de que isto é o único necessário (PC 5 e 7), realizando dessa maneira sua missão na Igreja, sendo uma fonte de graças celestiais. As Concepcionistas buscam o princípio e o fim de todas as coisas na oração, pois só na oração incessante (1Ts 5,7) podem conhecer a Deus como a seu único Esposo. As Concepcionistas devem ter grande reverência e honra pela Santíssima Eucaristia, porque este mistério de amor contém todo bem espiritual da Igreja (PO 5). A Ordem é também conhecida pelo nome de Concepcionistas Franciscanas. Com isso mostra-se que, como Santa Beatriz e suas companheiras e também suas sucessoras quiseram e professaram o espírito da doutrina e da veneração da Imaculada Conceição, próprio da Ordem Franciscana, é uma característica da Ordem. Outras Ordens não expressam essa doutrina e veneração desta forma. Portanto, ela faz parte da identidade das Irmãs Concepcionistas. A Ordem da Imaculada Conceição encontrou na espiritualidade franciscana um apoio para chegar a Cristo e à sua Mãe. Na espiritualidade franciscana exalta-se a grandeza de Deus que se fez pequeno (Cf Fl 2,6-11) de forma que a glória de Deus resplandece na pequenez do Filho de Deus, que despojando-se da condição divina assumiu a condição humana. A partir desse fato, cada pessoa é um ser especialmente importante e amada por Deus, de uma preciosidade única. Essa nova dignidade da pessoa aparece exatamente quando o ser humano participa da pobreza e da humildade de Jesus Cristo, que, no fundo, são formas de amor. Segundo o teólogo franciscano Beato João Duns Scotus, todos são chamados a co-amar com Deus. Deus já começou a amar antes de nós. Nós podemos co-amar com Ele. O primeiro ser humano a juntar-se a Ele foi Maria Imaculada. Exatamente seu caráter de Imaculada torna-a capaz de participar de ser co-amor puro com Deus, pois, afinal, ela tem um coração puro. Na verdade, os puros de coração verão a Deus! (Mt 5,8). A vida das Irmãs Concepcionistas, até sua história atual, é uma caminhada de co-amor puro com Deus, como se pode constatar em muitas Irmãs em vias de canonização e também nas inúmeras Irmãs que se tornaram santas “escondidas”. Os elementos que integram a vida e a espiritualidade da Ordem da Imaculada Conceição manifestam-se num processo de enriquecimento. Devem ser vividos em contínuo dinamismo, de acordo com os sinais dos tempos e como resposta às várias necessidades da Igreja, mantendo viva a lâmpada que o Espírito Santo acendeu em Santa Beatriz. Santa Beatriz fundou a Ordem da Imaculada Conceição para o serviço e celebração do mistério de Maria em sua Imaculada Conceição, sabendo que a honra da Imaculada Conceição nada mais é que um reflexo da glória de Deus na face de Jesus Cristo (Cf 2Cor 4,6). Evidentemente, a Imaculada Conceição não pode ser vista isoladamente mas a partir de Jesus Cristo. O sentido da Imaculada Conceição é a outra Concepção: a do Filho de Deus. Aquele que ela concebe já a havia redimido, como afirma João Duns Scotus. Ela carrega Aquele que a carregou. A veneração da Imaculada Conceição realiza-se na ação do Filho que vive para o louvor do Pai. A Imaculada é iluminada pela luz do Filho. Por isso, ela é uma figura exemplar da nossa fé. As Concepcionistas obrigam-se, então, a viver as atitudes de a Maria no seguimento de Cristo. Dessa forma tornam-se sensíveis à missão de Jesus.

Para refletir


“Se alguma coisa se te opõe e te fere, deixa crescer. É que estás a ganhar raízes e a mudar. Abençoado ferimento que te faz parir de ti próprio”. (Saint-Exupéry)


Na nossa jornada humana procuramos fugir de qualquer provação, sofrimento ou dor. Estamos na sociedade do estético como já dizia Kierkegäard: fazemos de tudo para maquiar a dor, o sofrimento, a morte... Com isso fingimos que eles não existem! Porém, infeliz da pessoa que nunca sofreu, pois nunca aprendeu o que é ser humano. Para proteger a bela rosa, a natureza concedeu espinhos à roseira. Talvez para nos dizer que a rosa existe para ser contemplada e não para ser arrancada...Abençoado ferimento que te faz parir de ti próprio... Que sabedoria nesta simples frase! Abençoada luta da existência que nos faz crescer, ir além daquilo que falam, querer observar o que está além do muro. A pessoa não está pronta e acabada. O mundo também não... Somos continuadores da obra da criação. Deus conta com nossa participação. Ele é Pai e não paternalista...
Frei Paulo Sérgio, OFM.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Bula Fundacional da Ordem da Imaculada Conceição



A Bula Fundacional da OIC datada no dia 30 de Abril de 1484 pelo Papa InocêcioVIII concedendo a Santa Beatriz o direito de erigir um Mosteiro em Honra da Imaculada Conceição.

O milagre acontecido com a Bula "Inter Universa"
Com esta Bula aconteceram duas coisas: uma foi que no dia 30 de Abril de 1489 apareceu na portaria do Mosteiro um cavaleiro para dar a notícia a Santa Beatriz de que o Papa acabava de conceder-lhe a aprovação daquilo que ela tinha pedido. Foi um jovem que lhe deu a notícia e desapareceu. Ela ficou feliz e anotou a data. Mas pelo sucesso, ela sempre ficou convencida que podia ser o arcanjo Rafael, o mensageiro de Deus, a quem tinha muita devoção.Uns dias mais tarde apareceu na portaria do Mosteiro outro jovem desconhecido que desapareceu rapidamente como o primeiro, dando-lhe a notícia: O barco que trazia a Bula tinha naufragado e com ele tudo e todos.Beatriz sofreu muito com esta notícia. Mas em vez de desesperar, intensificou a sua oração e a sua Fé. E aconteceu que, dez dias mais tarde, teve que abrir um baú para procurar uma coisa. E logo ao de cima encontrou um desconhecido pergaminho escrito em latim. Não podia acreditar naquilo que via e imediatamente o enviou a um doutor frade do Convento ao lado para que o analisasse. Qual a surpresa ao descobrirem que se tratava da Bula de aprovação que ela tinha pedido e que tinha tido a noticia de ter naufragado. Beatriz comprovou a data da Bula e viu que o dia coincidia precisamente com o dia em que ela tinha recebido a notícia da sua redação pelo desconhecido mensageiro em 30 de Abril de 1489. Foi tal a felicidade de todos por este misterioso achado, que toda a cidade de Toledo que já conhecia e amava Beatriz, se uniu para celebrar tal acontecimento como um sucesso milagroso. E nesse dia fez-se uma enorme procissão desde a Catedral ao Mosteiro, com a Bula em bandeja de prata e ninguém trabalhou como se fosse domingo.